Olá Seja bem-vindo(a) a disciplina - Psicopatologia e Estruturas Clínicas em Psicanálise
Caros(as) pós-graduando,
É com enorme satisfação que apresentamos de nosso curso e durante o estudo dessa disciplina, você terá a possibilidade de compreender os conceitos essenciais para atuação na área.
É com muito prazer que me dirijo a você neste momento: espero, sinceramente, que as informações aqui contidas sejam, suficientemente, úteis para tornar sua jornada estudantil mais proveitosa.
Esperamos que o material didático deste curso possibilite a compreensão do conteúdo resultando uma aprendizagem significativa. Vamos então! Bom curso para você!
Caro(a) pós-graduando segue abaixo apostila para acompanhamento de nossa disciplina. Recomendamos que faça o download para o estudo!
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Uma Reflexão Crítica das Psicopatologias na Clínica Psicanalítica
“A grande contribuição trazida por Freud foi a de tratar o sintoma não como um defeito ou degeneração, mas como uma via de expressão do sujeito” – Maurano
O que é Psicopatologia?
É uma área do conhecimento que objetiva estudar os estados psíquicos relacionados ao sofrimento mental/psíquico.
É área da medicina, psicologia e psicanálise que tem como objetivo fornecer a referência, a classificação e a explicação para as modificações do modo de vida, do comportamento e da personalidade de um indivíduo, que se desviam da norma e/ou ocasionam sofrimento e são tidas como expressão de doenças mentais.
Dessa forma, Psicopatologia pode ser compreendida como um discurso ou um saber (logos) sobre a paixão, (pathos) da mente, da alma (psiquê). Ou seja, um discurso representativo a respeito do pathos psíquico; um discurso sobre o sofrimento psíquico sobre o padecer psíquico. A psychê é alada; mas a direção que ela toma lhe é dada pelo pathos, pelas paixões.
Veja figura abaixo sobre os conceitos acima:
Causas e manifestações dos chamados “sofrimentos mentais”, desde sempre, foram objeto de perscrutações por aqueles que se preocupavam em buscar entender os mistérios da natureza humana – seja através das muitas e possíveis perspectivas de se buscar compreender e desvendar as subjetividades dos comportamentos, personalidades e sofrimentos humanos seja tentando, de modo objetivo, perspectivar tais condições a partir dos restritivos limites oferecidos pela visão biologizante da ciência médica – uma ciência que, cada vez mais assentada em correlações e frequências estatísticas de sinais e sintomas, busca qualificar, nomeando, condições percebidas como correlatas (estatisticamente fora da curva definida como padrão de “normalidade”), desenvolvendo, a partir daí, diagnósticos e terapêuticas baseadas em medicações e procedimentos cirúrgicos, capazes de, em alguma medida, silenciar os sinais e sintomas identificados nos pacientes
Psicopatologia tem dificuldade de coesão teórica devido aos muitos discursos que abarca. Percebe-se que os conhecimentos a ela relativos parecem constituir-se apenas como um aglomerado de especialidades. A Psicopatologia está ligada a diversas disciplinas: as psicologias, as psiquiatrias e ao corpo teórico psicanalítico. Dentro da Psicologia, liga-se com Psicologia Clínica (direcionada ao diagnóstico, e ao estudo da personalidade), Psicologia Geral (noções de subjetividade, intencionalidade, representação, atos voluntários etc.), e ainda Psicologia ligada às neurociências, tradições hinduístas e outros.
A psicopatologia enquanto estudo das “anormalidades” da vida mental é às vezes referida como psicopatologia geral, psicologia anormal, psicologia da anormalidade e psicologia do patológico. É uma visão das patologias mentais (desordens) fundamentada na evolução dos conceitos pelas áreas de psicologia, psiquiatria e psicanálise (nesta última área, no sentido de psicologia profunda das manifestações do inconsciente), em oposição a uma abordagem estritamente médica de tais patologias, buscando não reduzir o sujeito a conceitos patológicos, enquadrando-o em padrões baseados em pressupostos e preconceitos.
Saúde Mental, Normalidade e Psicopatologia
Uma das primeiras, e talvez uma das mais importantes, discussões sobre psicopatologia diz respeito à questão da normalidade. Como vimos na disciplina anterior (Estrutura e Funcionamento do Psiquismo). Existem várias definições sobre o que é “normal”.
Estatisticamente, normal refere-se a uma propriedade de uma distribuição que aponta uma tendência, o que seria “mais comum” de encontrar em determinada amostra, o mais provável (cf. distribuição normal). Assim, o normal é o que seria o mais provável de encontrarmos numa população, o comum, o esperado. Portanto, deste ponto de vista, os comportamentos que são considerados típicos, ou seja, que são os “esperados” de se encontrar ou de acordo com os padrões sociais aceitáveis para o agir, podem ser considerados comportamentos “normais”.
Recomendamos a leitura do Material Complementar: O normal e o patológico em Freud
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Saúde, normalidade e psicopatologia são termos altamente relacionados. A psicopatologia passa a ocorrer quando o comportamento de uma pessoa, ou eventualmente de um grupo de pessoas, foge àquilo que é esperado como referência de determinada sociedade, quando a pessoa passa a ter alterações importantes em relação ao comportamento que tinha no passado, com prejuízos significativos em seu funcionamento (comportamento), causando a si e a outros, especialmente seus familiares, acentuado grau de sofrimento. Tem-se como expectativa que a normalidade seja o tipo de comportamento que mais ocorre em qualquer cultura.
A saúde mental, por sua vez, seria então uma condição ideal ou desejada para que essa normalidade possa vir a existir, com qualidade e capaz de oferecer as melhores condições para que as pessoas vivam satisfatoriamente, produzam com eficiência e possam gozar de certo grau de felicidade para com as pessoas próximas a si. Segundo a OMS, a saúde mental refere-se a um amplo espectro de atividades direta ou indiretamente relacionadas com o componente de bem-estar, que inclui a definição de um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de doença. Este conceito engloba não apenas o comportamento manifesto, mas o sentimento de bem-estar e a capacidade de ser produtivo e bem adaptado à sociedade.
Por exemplo, considera-se que a tristeza seja normal e esperada na vida de qualquer pessoa, e é mesmo necessária em determinados momentos da vida (p. ex., em situação de luto). Entretanto, num quadro depressivo estabelecido, a tristeza é mais intensa e mais duradoura do que seria esperado numa situação normal e transitória. Assim, uma situação normal e esperada torna-se patológica não por ser uma experiência ou vivência qualitativamente diferente, mas por ser mais ou menos intensa do que se espera em situações normais. Neste sentido o trabalho do psicanalista na compreensão dessa desordem vai na busca da construção de um processo analítico (entre paciente/cliente e analista) capaz de conduzir ao “tratamento” dessa psicopatologia.
O Manual Atual de Psicopatologia em Psiquiatria (DSM)
Portanto, por se constituir cultural (e, portanto, normalmente não consciente), ao início da carreira de qualquer profissional que atua na área da saúde, há uma recorrente e previsível tendência em se buscar um diagnóstico para aqueles que nos procuram (e/ou nos cercam, no viver cotidiano); por essa razão entendo ser necessário trazer algumas reflexões que, espero, aclarem esse tema, favorecendo que, como Psicanalistas, possamos perceber ser exagerada a preocupação em querer enquadrar nossos pacientes nesta ou naquela classificação, conforme definido no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (hoje, já estamos na 5.ª edição do DSM).
Por assim sê-lo, entendo que tal condição exige um olhar mais crítico e aprofundado sobre a relevância dessa tendência na clínica psicanalítica, na medida em que, por ser ela recorrente e baseada numa cultura cartesiana, tal preocupação nos tira do foco psicanalítico, qual seja, tratar o indivíduo e não a doença que naquele momento o aflige – assim, trago à reflexão, já que essa postura cartesiana tende a conflitar com pressupostos teóricos e práticos que são fundamentais no campo de atuação da psicanálise; na psiquiatria, entretanto, a perspectivação sobre o paciente é diferente, pois em consonância com os referenciais teóricos e clínicos utilizados nessa área do conhecimento, mostra-se como adequado e, mesmo prático, utilizar seus profissionais de metodologias racionais e sistemáticas que se baseiam em agrupamentos estatísticos de sinais e sintomas, os quais, definidos a partir de frequências estatísticas, padronizam diagnósticos a partir de convergências entre estruturas clínicas, e assim o fazendo, rendem-se eles (profissionais médicos) à obediência de protocolos na padronização de tratamentos e prognósticos.
O DSM-5 trouxe novidades. A abordagem dimensional de alguns transtornos mentais, bem como o reconhecimento de que os limites entre eles são mais permeáveis do que se percebia anteriormente, constituíram-se avanços importantes. Embora alguns transtornos mentais possam exibir limites bem definidos, demarcando grupos de sintomas, a evidência científica recente já demonstrava que vários deles faziam parte de um espectro e apresentavam sintomas, fatores de risco ambientais e genéticos e possivelmente substratos neuronais compartilhados.
Além de digerir melhor as observações científicas, uma abordagem dimensional também captura melhor a sutileza da prática clínica. Nesse sentido, ocorreu, por exemplo, a fusão de transtorno autista, transtorno de Asperger e do transtorno global do desenvolvimento no transtorno do espectro autista. Em vez de constituir transtornos distintos, os sintomas relacionados a esses transtornos representam um contínuo único de prejuízos com intensidades que vão de leve a grave nos domínios de comunicação social e de comportamentos restritivos e repetitivos.
Psicopatologia Psicanalítica e Estrutura Clínica
Psicopatologia é uma ciência complexa: é uma ciência natural, destinada à explicação causal dos fenômenos psíquicos mediante os recursos e teorias acerca dos nexos extraconscientes que determinam esses fenômenos; e é ciência do espírito, voltada para a descrição das vivências subjetivas, para a interpretação das suas expressões objetivas e para a compreensão de seus nexos internos e significativos. JASPERS, Karl 2000.
Isso posto, enquanto inicial reflexão, mostra-se como importante seja realizada uma regressão exploratória ao século XIX, através da qual se verá demonstrada não somente a importância de Freud para o desenvolvimento da psicanálise, como sua relevância para a chamada “ciência da saúde”.
Nos primeiros passos dados por Freud na estruturação da psicanálise, ao trazer um inovador conceito para o inconsciente, ele rompe com o paradigma até então prevalecente de ser a consciência a expressão máxima da natureza humana; nesse caminhar, abandonou, enquanto médico, sua posição “neutra” em relação aos fenômenos clínicos – assentados nos convencionais sinais e sintomas biofisiológicos -, passando a dar ouvido aos “dramas” manifestos através das histórias e, muitas vezes, experiências “traumáticas” relatadas pelos pacientes, ou seja, passou Freud ao invés de avaliar, simplesmente, os sinais e sintomas de quantos o procuravam, a “ouvir” e valorizar as queixas pelos pacientes relatadas, que quase sempre subjetivas, como observou, não poucas vezes mantinham estreita relação com incapacidades personalíssimas para superar determinadas experiências por eles vivenciadas.
A partir dessas observações, inicia Freud um processo de desenlace das amarras impostas pelos padrões biologizantes de sua formação médica – sinais e sintomas padronizados como referência para definição de diagnósticos -, entendendo-os como manifestações subjetivas de conflitos atrelados ao inconsciente, aos quais, ele (paciente) tenderia a resistir, numa busca incessante (e, não necessariamente consciente) de não enfrentá-los – os sintomas manifestos, para Freud, seriam portanto formações substitutivas de um conflito psíquico, e por assim sê-lo, seriam de natureza subjetiva (uma voz interior que clama por ajuda).
Material Complementar - Prof. Antônio Teixeira - Slides - veja abaixo:
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Desenvolvimento do Trabalho de Freud
A partir da lógica de desenvolvimento do trabalho de Freud, aqui apresentado de modo bastante resumido, foi por ele trazido à cena a ideia de que algumas representações, pelo indivíduo consideradas como insuportáveis, seriam de alguma forma afastadas da sua consciência (conceitos de mecanismos de defesa e resistência), ou seja, fatos e situações de desprazer (ou mesmo traumas) tenderiam, de algum modo, a ser enviadas para o inconsciente, onde permaneceriam represadas (conceito de recalque), pois o consciente do sujeito “não quer” reconhecê-las, ou face mecanismos inconscientes de defesa psíquica, delas não “consegue” se recordar. Entretanto, vale lembrar, que essas situações de desprazer, mesmo represadas, não desaparecem no inconsciente, ao que, reinvestidas e/ou atenuadas, buscam a todo tempo retornar ao consciente, especialmente quando diante de determinadas “situações-gatilho”, gerando inquietudes ou mesmos transtornos mentais, emocionais ou físicos.
Trouxe também Freud, como fundamento e base de sustentação para a construção da ciência psicanalítica, o conceito de transferência – seja como forma de utilizá-la para enfrentamento de uma realidade frustrante (quando então pode ser pensada como um mecanismo de resistência, objetivando evitar o ressurgimento do material recalcado, visto que ele continuará a forçar, sempre, sua passagem do inconsciente para o consciente) seja para fazer do psicanalista o destinatário das queixas do paciente, naquilo que chamou de retificação subjetiva, ou seja, formas de se verem abaladas determinadas interpretações subjetivas no sujeito cristalizadas, construindo-se através desse processo de retificação subjetiva, novas formas para enfrentamento dos conflitos ensejados entre desejos que a ele afloram e realizações que são possíveis no real.
No trilhar construtivista da psicanálise, Freud ainda propôs a inovadora concepção da existência de um aparelho psíquico, inicialmente estruturado em três instâncias, que independentes, seriam interrelacionadas entre si: consciente / pré-consciente / inconsciente.
Avançando estudos e pesquisas em relação a essa inicial proposição, em sua segunda tópica, reforçando a ideia de interdependência das instâncias constitutivas desse aparelho psíquico, ofereceu uma concepção agora mais amadurecida e abrangente, nominando essas instâncias como Id, Ego e Superego. Complementando esses resumidos destaques – que se desdobram em muitos outros e importantes referenciais teóricos e práticos -, apresentou Freud o conceito de “Complexo de Édipo” – e, através dele, trouxe luz sobre a relevância das “diferenças anatômicas entre os sexos”, enquanto fantasias sexuais infantis e o medo da “castração”.
"Freud chegou a comparar sua descoberta do inconsciente com dois outros golpes desferidos pela ciência sobre o amor-próprio da humanidade: se Copérnico retirou a Terra do centro do universo e Darwin mostrou que o homem não está no centro da criação, a psicanálise, por sua vez, descentrou o homem de si mesmo ao mostrar que 'o eu não é senhor nem mesmo em sua própria casa'." (Marcos Antonio Coutinho Jorge)
Essas referências, como Freud ressaltou, são essenciais para entendimento dos mecanismos predisponentes das psicopatologias; e, nessa direção, sustenta suas percepções no fato de que um saudável desenvolvimento psicossexual, nos estágios iniciais da vida de todos, afigura-se fundamental para que haja uma estruturação harmoniosa do aparelho psíquico – a libido, conforme propõe, se ocupa de realizar investimentos psíquicos em objetos que trouxeram alguma forma de satisfação, ao que, se essas formas de satisfação forem impedidas e/ou de alguma forma reprimidas por frustações ou pelas exigências de um não suficiente recalque – especialmente nas fases iniciais do desenvolvimento do eu -, essa energia libidinal poderá ser direcionada para a formação de sintomas, que poderão se vir manifestos como, p. ex., através da inibição, fixação e/ou regressão a estágios anteriores das fases psicossexuais do indivíduo.
Freud também propôs que, para além do fator sexualidade, existem outras forças envolvidas na formação das psicopatologias, trazendo, p. ex., o conceito de “pulsão de morte”, ou seja, fundamento da noção de compulsão à repetição, por ele identificada tanto nas brincadeiras infantis, como em situações nas quais os sintomas psíquicos apresentam repetições de situações que nunca poderiam ter causado prazer, como p. ex., nos casos de neuroses de guerra.
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ESTRUTURAS CLÍNICAS NA PSICANÁLISE
Na Psicanálise, como por consenso existe na literatura, existirem três estruturas clínicas: neurose, psicose e perversão.
- A neurose atua no sujeito através do recalque; sua origem, possivelmente, é resultado de conflitos havidos na infância, atuando o recalque como mecanismo de defesa contra ideias que sejam prejudiciais ao eu; constitui-se a neurose estrutura mais encontrada no dia a dia clínico;
- A psicose, com o mecanismo da foraclusão (conceito forjado por Lacan para designar um mecanismo específico da psicose, através do qual se produz a rejeição de um significante fundamental para fora do universo simbólico do sujeito), reconstrói, para o sujeito, uma realidade delirante ou alucinatória;
- A perversão, mantida através da denegação ou desmentido, faz com que o sujeito, ao mesmo tempo, aceite e negue a realidade, com uma fixação na sexualidade infantil.
Conforme já citado, Freud erigiu a Psicanálise a partir de alguns pilares, constituindo-se o chamado “Complexo de Édipo” uma de suas pedras angulares, senão vejamos: em tese, nascemos a partir de um casal, formando a criança com eles, um triângulo; nessa configuração, cada um dos elementos que o constitui exerce uma específica função; convencionalmente, a mãe se afigura o primitivo objeto de amor, o pai representa a ideia de detentor da lei – e por assim sê-lo, é imaginado como sendo responsável para que as leis sejam aplicadas -, cabendo à criança transitar entre um e outro, atravessando as diversas fases de seu desenvolvimento (totalmente dependente, parcialmente independente e independente) como uma espécie de “sanduiche”, até que possa (ou não) constituir-se como sujeito desejante e de linguagem, inserindo-se no contexto de sua cultura.
Mecanismos variados de defesa são deflagrados contra essa angústia e o sofrimento por ela causado, constituindo-se a predominância do mecanismo utilizado, condição que determinará sua estrutura clínica futura, ou seja:
- Sendo o mecanismo predominante o recalque, sua estruturação futura tenderá a ter na neurose seu referencial;
- Caso haja predominância da foraclusão, a estruturação dominante será a psicose;
- Ao passo que, sendo a predominância a denegação ou desmentido, a estruturação tenderá a ver-se constituída como perversão.
Freud acreditava ser possível promover mudanças na estrutura clínica do sujeito a partir do tratamento psicanalítico – essa visão, contemporaneamente, tem gerado muitas discussões, por ser de certa maneira controversa, pois na rotina clínica o que se tem observado, enquanto possível, é ser alcançada uma variação entre as neuroses, mas nunca na estrutura da psicose ou da perversão.
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A Psicose, na Visão de Freud
A psicose, na visão de Freud, designa uma reconstituição delirante ou alucinatória por parte do sujeito, por não conseguir chegar à simbolização e à linguagem. Freud sempre rejeitou a visão biologizante da psiquiatria para explicar a psicose, tentando esclarecer existir motivações inconscientes que levam o sujeito a essa estrutura. As psicoses, de comum, são classificadas em: esquizofrenia; paranoia e psicose maníaco-depressiva.
- Na esquizofrenia observa-se incoerência de pensamento, afeto e nas ações – uma espécie de “ensimesmamento” (voltar-se para dentro de si mesmo, recolher-se), normalmente acompanhado de delírio e alucinações;
- Na paranoia, o que a caracteriza, é o modo como o sujeito compreende a realidade de uma maneira equivocada, ou melhor explicando, se vê caracterizada como um delírio sistemático e completo, apesar de ser possível observar a inexistência de deterioração intelectual;
- Já o maníaco-depressivo – por alguns entendido como portador de “transtorno bipolar” -, alterna momentos de grande agitação maníaca e outros de extrema melancolia, tristeza ou depressão.
Visão Crítica das Psicopatologias: Psicanálise x Psiquiatria
Preliminarmente, coloco como estímulo à reflexão a existência de uma grande diferença no ser atendido por um psicanalista e um psiquiatra… e assim o faço, sem manifestar qualquer “juízo de valor” no sentido de considerar esse ou aquele atendimento melhor ou pior, pois cada um dos enfoques têm objetivos, limites e razões científicas específicas.
Enquanto na medicina o sintoma é percebido em seu sentido objetivo, por ser classificável numa categorização estatística definida através do DSM, na psicanálise sua percepção caminha para além da questão biologizante, pois essa demanda implica em se buscar identificar as causas subjetivas que demandam sua manifestação.
Segundo propõe Pimenta & Ferreira,
“… o sintoma na medicina tem sentido diferente daquele de outros campos do conhecimento, como na psicanálise […] na medicina, o sintoma é dotado de sentido, mas compete ao médico dar a sua significação, deve ser decifrado, portanto, como sendo ou não sinal de uma doença […] na psicanálise, o sintoma também é dotado de sentido, mas a clínica psicanalítica, tomando-o em outra dimensão, exigiu a sua redefinição […] o sintoma na psicanálise, em diferença com a medicina, não se refere a algo detectável no organismo e que permite elaborar o diagnóstico de uma doença médica […] o sentido do sintoma na psicanálise, como sintoma neurótico, leva ao sujeito do inconsciente […] o sintoma neurótico é, assim, uma formação do inconsciente, como o são o sonho, o chiste e o ato falho […] o sentido do sintoma na psicanálise só poderá ser apreendido dentro da história de cada sujeito […] pode ser decifrado com a participação do psicanalista, mas só trará benefício ao paciente se adquirir sentido para o próprio paciente”[1].
[1] PIMENTA, A. C.; FERREIRA, R. A. O sintoma na medicina e na psicanálise: notas preliminares. Revista Médica de Minas Gerais, Ed.13, nº 3, 2003.
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Demarcando a Noção de Sintoma
O vocábulo sintoma, etimologicamente, tem origem grega: sin (junção) e tomo (pedaços). Seu significado, portanto, pode ver-se associado com a ideia de juntar peças de várias sinalizações orgânicas, objetivando identificar uma doença – tal qual se faz, p. ex., num quebra-cabeça.
Não por outra razão, esse vocábulo foi apropriado pela medicina, pois quando diante de um sintoma, o profissional médico, por associação, busca estabelecer uma relação de causa-efeito entre a condição identificada e um agente patógeno, enquanto propósito de definir um diagnóstico, estabelecer um plano de tratamento e oferecer prognóstico.
Antes de se avançar num maior detalhamento da noção de sintoma, entendo como necessário se veja estabelecida a diferenciação entre sinal e sintoma:
- O sinal corresponde a um dado objetivo, verificável, como p. ex. a identificação, ao exame do paciente, da existência de pintas vermelhas espalhadas pelo corpo, as quais, em tese, podem sinalizar ao profissional médico que ele está diante de um quadro de sarampo;
- Quanto aos sintomas, eles são dados / informações subjetivas, pois sua existência, em geral, não pode ser objeto de verificação pelo profissional, sendo sua existência dependente da verbalização, pelo paciente, do “sentir” – como p. ex. o relato de uma dor, náuseas etc.
Conforme asseveram Silva & Rudge, nesse diferencial
“… parece haver um problema: está claro que o sintoma, enquanto expressão subjetiva, possa – talvez deva – ser compreendido a partir de uma perspectiva construtivista, como fruto das práticas de linguagem estabelecidas socialmente, já que aprendemos através da linguagem, a reconhecer e expressar dor, tristeza etc. […] no entanto, quanto ao sinal observável, não podemos dizer ser também uma construção sociolinguística? Em certa medida sim, embora reconheçamos que há diferenças na maneira como aparecem”
Contribuindo no esclarecimento dessa diferenciação, vem à tona, novamente, a perspicácia de Freud, que muito contribuiu para elucidar tal questão, quando ao associar sinais e sintomas físicos típicos da histeria de conversão a algo da ordem psíquica inconsciente, não deixou de considerá-los como construções própria do sujeito, arranjos de linguagem que poderiam ganhar voz durante o processo analítico, e assim abandonariam sua expressão enquanto sintomas e inibições específicas.
Segue algumas das subcategorias das perversões sexuais em psicanálise:
Fetichismo – O objeto do amor deixa de ser a pessoa, transferindo-se para um objeto inanimado ou simplesmente uma coisa. Só nisso encontra prazer sexual.
Exibicionismo – É o desejo incontrolável de expor na presença do sexo feminino, o órgão genital; normalmente se masturbam em presença de outrem. A mulher encontra prazer sádico em usar roupas sumárias (mini-saias, decotes ousados, etc. para provocar o macho).
Exibicionista Verbal – É o que faz propaganda ou alarde do tamanho do seu órgão genital.
Necrofilia – É a compulsão (desejo incontrolável) de ter relações sexuais com cadáveres devido a uma atração irresistível, principalmente com mulheres recentemente sepultadas, não importando a idade. O necrófilo não consegue resistir nem dominar tão asqueroso impulso.
Masoquismo – Anomalia caracterizada pelo desejo de ser maltratada (a) como prévia condição de gratificação sexual. A flagelação estimulante pode ser infligida por si próprio (a) ou pelo parceiro(a), levando ao orgasmo (prazer atingido). A dor constitui a única condição de satisfação sexual.
Sadismo – É a prática que consiste em maltratar e até agredir fisicamente a(o) parceira(o), chegando até, em alguns casos, a requintes de perversidade. Somente assim o sádico encontra compensação sexual (orgasmo).
Sadomasoquismo – É a tendência para o sadismo e o masoquismo simultaneamente.
Infantilismo – É a preferência para a prática sexual com parceiros de menos idade.
Gerontofilia – É a preferência incontrolável para a prática sexual com parceiros de muito mais idade.
Ninfomania – É a paixão intensa, de caráter mórbido. A mulher não se satisfaz sexualmente com um só homem. Chega a sangrar os órgãos genitais, e não encontra prazer satisfatório e final.
Narcisismo – É o prazer com a admiração do seu próprio corpo ou imagem. O impulso sexual não se transfere para outras pessoas.
Pedofilia – É a atração sexual que o adulto tem por crianças. Deseja ter relações sexuais com elas, e as violenta compulsivamente.
Pedolatria – É o indivíduo que só encontra estímulo na concentração de seus impulsos sexuais em pés femininos ou masculinos, principalmente quando são anatomicamente perfeitos em casos de homens com desvio do objeto sexual pés másculos.
Onanismo – Ou masturbação. Podendo referir-se também ao coito interrompido. É a atitude de a pessoa friccionar o seu membro sexual, a fim de alcançar determinada satisfação. Tanto o homem como a mulher pode ser vítima da masturbação ou onanismo. Traz desgaste mental e físico, pela canalização excessiva de suas energias; debilita mentalmente, trazendo impotência em raciocinar, vergonha após o ato, e dependência, nas suas manifestações de extremas e fora de controle.
Segue abaixo leitura de textos complementares a esta disciplina de Pós-Graduação GAIO.
A psicopatologia no limiar entre psicanálise e a psiquiatria:
Psiquiatria, Psicanálise e Psicopatologia
Professor Universitário com mais 20 anos de experiência, Doutor em Saúde, Psicanalista, Mestre em Administração e Saúde, Possui Graduação em Odontologia, Direito e Administração. Também atua como Terapeuta Integrativo e Complementar em Saúde, Reiki Japonês e Tibetano, Programação Neurolinguística (PNL). Foi professor da FGV, Gama Filho, Diretor Acadêmico, Coordenador de Pós-graduação.
Ao final de cada disciplina o pós-graduando deverá realizar Prova Avaliativa (P.A) múltiplas alternativas sendo sempre uma correta.
A Participação em fóruns (P.F) É opcional, além de possibilitar um network e discussão na disciplina poderá complementar até 1.0 da nota total, caso o pós-graduando tenha obtido acima 70% na (P.A) e não tenha atingido a nota 10. A nota total da disciplina não ultrapassará 10 pontos.
Dica para realização da prova avaliação: Estude todo material do curso e da apostila, bem como se possível faça a impressão para acompanhar os temas, as vídeoaulas e podcasts.
Boa Avaliação Final de Disciplina