Teoria Psicanalítica de Sigmund Freud IV – 60h 

Seja bem vindo (a) a disciplina de Teoria Psicanalítica Sigmund Freud IV

Esperamos que você tenha se aprofundado na teoria psicanalítica até aqui, então vamos finalizar a nossa teoria psicanalítica de Sigmund Freud =)

Nesta disciplina aprofundaremos na teoria psicanalítica: complexo de édipo, métodos de exploração do inconsciente, mecanismos de defesas e as clínicas dos transtornos mentais segundo a Freud 

Caro aluno (a) a personalidade é uma estrutura complexa. Muitas vezes o comportamento de uma pessoa demonstra um padrão fora da “normalidade” que demanda cuidados. 

Portanto vemos que a personalidade é algo muito complexa, que começa a ser formado nos primeiros anos de vida (sexualidade infantil em psicanálise) e que vai sofrendo alterações com o passar do tempo, fruto da experiência e da convivência.

Essas mudanças podem ser positivas e negativas, e algumas delas serem desencadeadas por problemas psicológicos. 

Desse modo caro (a) aluno (a) desde os primórdios, buscam-se explicações e descrições a cerca do comportamento humano. Dentre as muitas teorias desenvolvidas encontra-se a psicanálise, a qual defende que a personalidade desenvolve-se a partir de experiências infantis, marcadas por um conflito entre o sujeito, que visa a satisfação de seus impulsos instintivos e o mundo social, representado primeiramente pelas figuras parentais nos primeiros anos de vida.

Tal conflito visa a interdição de determinadas formas de alcançar a satisfação, obrigando a criança desenvolver e organizar estratégias psíquicas que o levam à uma satisfação “aceitável”, caracterizando o Complexo de Édipo (veja abaixo sobre).

Veja essa matéria da Folha de São Paulo sobre a História do Complexo de Édipo

Se preferir faça o download do texto em pdf na opção imprimir (destino) salvar em pdf.

Dando continuidade ao assunto da disciplina, observamos que a organização psíquica, subsidia a formação das Estruturas Clínicas, ou seja, estruturas de personalidade. As três grandes Estruturas Clínicas caracterizam-se por: Neurose, Psicose e Perversão, sendo que cada qual representa um modo peculiar de funcionamento que repercute nas relações que o mesmo estabelece com o contexto social em que está inserido. (Não se preocupe estudaremos mais aprofundado na disciplina de psicopatologia psicanalítica). 

Mesmo para os que estão familiarizados com os termos, é provável que coexistam diversas dúvidas sobre o que realmente querem dizer. Os três conceitos são usados para descrever cada uma dessas estruturas e quais sintomas e transtornos mentais podem ser manifestados dentro de suas particularidades quando adoecidas. 
Alessandro Euzébio
Psicólogo e Psicanalista
Antes de avançar para compreensão da personalidade, complexo de édipo e das clínicas dos transtornos mentais, vamos falar um pouco sobre alguns tópicos fundamentais que devem estar claros!
A FUNÇÃO MATERNA

A figura materna é essencial para a sobrevivência do bebê, visto que é ela, quem remeterá os primeiros cuidados à criança, a qual se encontra em dependência absoluta, além de estabelecer com a criança, a primeira relação de objeto, onde a mãe, para ambos os sexos, configura-se como esse primeiro objeto o qual o bebê investe sua libido.

A função materna, além dos primeiros cuidados e da identificação, também influencia na saída do Narcisismo para o Édipo, sendo responsável pela mediação entre pai e filho, podendo facilitar ou dificultar essa entrada de uma terceira pessoa para a instauração do Complexo de Édipo. 

Contudo, sendo teoria “seiocêntrica” ou não, a importância da função materna não é descartada e nem perde sua importância. A função materna pode ser normal ou patológica, e tem conseqüências diretas na estruturação do sujeito. Portanto a maternagem caracteriza-se pela não frustração ou não gratificação excessiva, ou mesmo, a privação da frustração ou gratificação.

A FUNÇÃO PATERNA 

A principal função paterna no desenvolvimento da criança é a aproximação do pai com a dupla mãe-filho, para efetuar o “corte” em tal relação, ou seja, conforme palavras de Zimerman (1999, p. 107), o pai é que faz o papel de “terceiro”.

Na teoria Freudiana, a figura paterna é responsável por:

a) proteger a dupla mãe-bebê;

b) ajudar o filho a se separar da mãe;

c) direcionar a criança ao Princípio de Realidade;

d) e por fim, se for um pai presente, permitirá à criança notar as diferenças entre identidade, sexo e etc. (processo de identificação sexual).

Para Freud o pai logo após o nascimento do filho, é dispensável à sobrevivência da criança, sendo somente mais tarde alvo de interesse dessa criança, justamente quando esse pai aparece na relação como o Outro, configurando a Triangulação Edípica.

Portanto caro aluno (a) figura paterna também exerce a importante função de colocação e reconhecimento de limites e a aceitação das diferenças. Desta forma, o pai auxilia o filho na passagem do Princípio do Prazer para o de Realidade, condição necessária para o desenvolvimento emocional, pois a criança, volta-se agora para o social, ou seja, para o pai, irmãos e amigos. Porém, quando a função paterna falha, esta passagem do Narcisismo ao Édipo não é bem sucedida e acarreta consequências à criança.

Agora como sugestão deixamos o vídeo sobre o complexo de Édipo para maior compreensão da figura materna e paterna. 

Veja o texto: O Complexo de Édipo em Freud-Lacan

Se preferir faça o download do texto em pdf na opção imprimir (destino) salvar em pdf.

Bom caro aluno agora que você já viu alguns conceitos importantes vamos para a Clínica dos Transtorno Mentais, escute esse podcast da escola com a professora Evelyn falando sobre: 
Bom acreditamos que você tenha escutado o podcast acima sobre da Professora Evelyn falando sobre a teoria psicanalítica dos transtornos mentais segundo a Freud (estrutura clínicas)

Anteriormente à instauração do Complexo de Édipo, as crianças não se diferenciam de acordo com o sexo, pois não vêem diferenças entre meninos e meninas. Eles brincam.  Segundo Freud situou o Complexo de Édipo por volta dos três anos de idade. Veremos em disciplinas mas a frente que para Melanie Klein, a situação Edípica ocorre bem mais cedo, por volta dos seis ou oito meses de idade  tocam-se, sobem um em cima do outro, roçam-se, porém tanto para essas crianças quanto para os adultos que presenciam tal brincadeira, é normal e próprio da idade. 

Desse modo querido (a) aluno (a)  Freud (1923) irá chamar de perversão polimorfa, para designar a sexualidade infantil, e que segundo, e essa ocorre quando essa “sexualidade infantil está estreitamente ligada à diversidade das zonas erógenas, e na medida em que se desenvolve antes do estabelecimento das funções genitais, propriamente ditas” .

Desta forma, conforme expõe Alessandro E. Batista (2014, p.208): “A Bissexualidade Originária forma uma espécie de substrato sobre o qual se trabalha e se processa o Édipo”.

Portanto elaboração dessa Bissexualidade Originária é um ponto crucial e determinante para o destino do Édipo, quanto sua dissolução e formação do seu herdeiro, o Superego. Assim, a resposta perante a Castração, seja negando-a, desmentindo-a ou rejeitando-a, implica em uma transformação da Bissexualidade Originária. 

Quanto à Bissexualidade, como uma opção sexual, Jorge (2007), em seu artigo a cerca do centenário da obra de Freud, relata que embora alguns psicanalistas (como Fliess) acreditassem que a Bissexualidade era uma predisposição biológica, já para Freud, a Bissexualidade caracteriza-se como uma disposição psicológica, mas precisamente na escolha do objeto – homossexual ou heterossexual. 

(...) Todos nasce predispostos à bissexualidade psíquica constitucional e aos efeitos secundários da primazia fálica.
Sigmund Freud
1901-1905
Escute esse podcast sobre a dinâmica da personalidade e os mecanismos de defesa: 

Esperamos que tenha escutado o podcast da Dinâmica da Personalidade acima com professor Alessandro, pois facilitará a compreensão abaixo. 

Desta forma, caro aluno (a) após compreendermos a função materna, paterna e o complexo de Édipo, avançamos no estudo das Estruturas Clínicas (Neurose, Perversão e Psicose), focando o papel do complexo de Édipo e as funções materna e paterna na formação de cada uma delas. 

NEUROSE

Conforme seu texto “Dissolução do complexo de Édipo”, Freud (1924, p. 221-222) afirma:

(…) Não vejo razão para negar o nome de ‘repressão’ ao afastamento do ego diante do complexo de Édipo […]. O processo que descrevemos é, porém, mais que uma repressão. Equivale, se for idealmente levado a cabo, a uma destruição e abolição do complexo. Plausivelmente podemos supor que chegamos aqui à linha fronteiriça – nunca bem nitidamente traçada – entre o normal e o patológico. Se o ego na realidade não conseguiu muito mais que uma repressão do complexo, este persiste em estado inconsciente no id e manifestará mais tarde seu efeito patogênico.

Então vejamos que para Freud, o recalque ou ‘repressão’ é um dos destinos possíveis ao Complexo de Édipo, sendo que esse recalque pode ser de duas maneiras distintas: ou ele é um recalque eficaz, que dá conta da abolição total do complexo de Édipo (o que Freud considera como uma ‘saída normal’) ou tal censura apenas mantêm o Édipo no inconsciente, sendo que o mesmo se manifestará mais tarde, na forma de sintoma.

Desta forma, para Lacan (1957), a neurose é a Estrutura Clínica caracterizada pela presença do recalque e do efeito patogênico que o mesmo causa no inconsciente, surgindo assim os sintomas. Desta maneira, a neurose configura-se como a estrutura de uma questão, sendo que a discussão do sujeito gira em torno da indagação “Quem eu Sou?” (LACAN,1957).

Didaticamente querido (a) a neurose é: 

É uma estrutura da personalidade que está intimamente ligada à angústia. A pessoa consegue manter um pensamento racional e distinguir o certo do errado. Ela tem a necessidade de seguir as normas e fazer aquilo que é correto, sentindo-se culpada quando não consegue cumprir com essa expectativa.

As atividades normais do dia a dia da pessoa não se vêm afetadas pela estrutura neurótica, porém a pessoa não consegue resolver de forma satisfatória esses conflitos internos. Quando foge à regra, precisa justificar seu comportamento, e para isso recorre a argumentos que falem de merecimento ou necessidade. Mesmo assim, não consegue se sentir aliviada.

Na neurose, a culpa e a ansiedade andam de mãos dadas. Segundo vários especialistas, a forma como a pessoa lida com essa ansiedade é o que a encaixa em um dos três tipos de neurose: a fóbica, a histérica e a obsessiva. A neurose é a estrutura de personalidade mais comum e saudável. Quando ocorre a somatória de inúmeros fatores que favorecem a manifestação de um transtorno mental, estas manifestações possuem um bom prognóstico de tratamento e podem incluir transtornos de humor e ansiedade. 

Distinguem-se três tipos de neuroses clínicas – 1) a histérica, que apresenta um teor significativo de percepções, conceitos e afetividades, todos se manifestando no inconsciente, traduzindo-se em sintomas como câimbras, tremores, paralisia, problemas de audição, visão, paladar e olfato, náuseas, vômitos, entre outros; 2) a fóbica, que envolve ansiedade extrema, no limite com o pânico, fobias simples, agorafobia e fobia social; 3) obsessivo-compulsiva, com início em grande parte na adolescência ou no começo da fase adulta. Nesta as preocupações, determinadas imagens e palavras surgem na mente a despeito do desejo do indivíduo.
Alessandro Euzébio
Psicólogo e Psicanalista
PERVERSÃO

Queridos (as) a perversão carrega três significados: o de doença, o de sanção moral e o da própria sexualidade humana”.

Freud em sua teoria da sexualidade deixa bem claro que na psicanálise, o objetivo não é “condenar” ninguém, seja pelo mesmo burlar alguma regra socialmente aceita ou por se tratar de uma ‘anormalidade’ perante a sociedade. Por sua vez, homossexuais e/ou bissexuais são reconhecidos como pervertidos, perversos pela sociedade em geral, contudo, a escolha sexual (orientação sexual) de determinado sujeito não é sinônima de doença ou transtorno mental segundo para Freud.  

(…) Freud, na perversão, diz que o indivíduo reconhece a falta, porém a denega. Assim, para o perverso não importa leis, pois o que lhe importa é somente seu desejo e não o do outro, além de não querer perceber-se como incompleto, com falta, e por conseqüência a não-castração. 

Aceitar a castração sob reserva de transgredi-la continuamente é o que ocorre nas perversões, cujas origens situam-se entre dois pólos, o da angústia da castração e os mecanismos defensivos destinados a neutralizá-las (a angústia da castração). 

Pode-se verificar que há vários tipos de perversões. A lista das perversões se baseia de forma muito aproximada à lista das pulsões. Contudo, essa não é uma razão para imaginarmos que a perversão seja simplesmente a pulsão desenfreada, fora de controle. Sem dúvida, há perversão voyeurista, exibicionista, sádica e masoquista, mas não é a natureza da pulsão que faz a perversão; a natureza da pulsão pertence ao registro da perversão universal. O determinante de uma estrutura clínica não se situa do lado do gozo, mas do lado do sujeito.

DIDATICAMENTE EXPLICAMOS O QUE É A PERVERSÃO: 

A perversão é uma estrutura de personalidade na que a busca pelo prazer é constante. A pessoa sabe que existem normas, são capazes de reconhecê-las, mas tendem a transgredi-las.

No lugar de sentir culpa ou remordimento, o perverso costuma desfrutar desses momentos, não mostrando quaisquer sinais de ansiedade. Ao contrário, a ansiedade somente aparece nos momentos em que deseja transgredir e não consegue.

O perverso costuma materializar seu desejo de perturbar a ordem natural das coisas, as normas estabelecidas, por meio de dois grandes grupos de comportamento: a perversão sexual e a perversão social. É natural reunirem características exibicionistas e descaradas, sendo impulsivas e manipuladoras. A canalização de seu prazer é direcionada a algo que destoa do comum, considerado o movimento saudável da estrutura neurótica – parceiro, família, realização pessoal – para algo perverso e desejos fora do padrão. Podemos mencionar: pedofilia, zoofilia, masoquismo, sadismo entre outros.  

Para Freud, então, só há uma maneira de tratar o perverso: inscrito no discurso do psicanalista (analista) e, portanto, no lugar de seu agente, até mesmo o perverso é colocado no lugar de sujeito, sujeito que sofre, e é ao fazer falar tal sofrimento que o analista pode descortinar as razões de sua posição estrutural não do lado da moral, mas do lado daquilo que determina as escolhas do sujeito em função de sua particular relação com o Outro.

Tanto as obras de Freud como de Lacan desvelam que a complexidade que se presentifica na perversão exige do psicanalista não somente uma extrema sutileza e precisão, como também, o desafia em sua práxis e em sua ética: a ética do desejo.
Alessandro Euzébio
Psicólogo e Psicanálise
PSICOSE 

O termo Psicose foi criado no século XIX como substituto do termo ‘loucura’. Freud, em 1911, através da publicação “Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso de paranóia”, o conhecido ‘Caso Schreber’, analisou tal Estrutura. 

Caro aluno (a) psicose ocorre porque a operação de introdução da Lei paterna fracassa. Assim, para explicar teoricamente a origem do mecanismo psíquico psicótico, tem-se o conceito de Foraclusão, que segundo Nasio (1995, p. 149) é:

[…] o nome que a psicanálise dá à falta de inscrição, no inconsciente, da experiência normativa da castração, experiência crucial que, na medida em que é simbolizada, permite à criança assumir seu próprio sexo e, desse modo, tornar-se capaz de reconhecer seus limites.

A psicose ocorre a partir de uma falta da função paterna no desenvolvimento da criança, ou seja, quando necessário a presença da função paterna para que a criança reconheça a castração (diferença entre os sexos e a aceitação de que a mãe tem outros desejos, além do filho), e se instaure assim a Lei paterna. Desta forma, o psicótico é aquele que nem reconhece a Castração. 

A “psicose propriamente dita” apresenta manifestações psicóticas, sendo as alucinações ou delírios. E estas manifestações são consideradas defesas do psicótico contra algo que causa muita dor e muito sofrimento.
Renato Mesan
Psicanalista
EXPLICAMOS DIDATICAMENTE O QUE É A PSICOSE: 

A psicose é uma estrutura da personalidade que prejudica a percepção e o pensamento da pessoa, afetando sua capacidade de julgamento. Diferentemente do neurótico, o psicótico não reconhece as regras ou mesmo que as reconheça se sente indiferente a elas, nem respeita as normas estabelecidas.

Por ser isento de culpa ou ansiedade, é possível que seja capaz de distinguir o certo do errado, mas por se colocar sempre em primeiro lugar e não possuir capacidade empática, tende a seguir o que considera bom para si, independentemente de “certo ou errado” dentro da sociedade ou comunidade em que está inserido. 

Esse tipo de estrutura de personalidade costuma estar associada a transtornos psíquicos mais graves e crônicos. Quando ocorre um surto psicótico, é comum que haja alucinações e medo paranóico. Seus sintomas são mais intensos e persistentes, afetando negativamente a rotina e crítica da pessoa, como ocorre na manifestação da esquizofrenia. 

Alguns especialistas ressaltam que é uma das estruturas de personalidade mais perigosas, porque os psicóticos são capazes de ações extremas sem mostrar qualquer remordimento. Quando o indivíduo é muito inteligente, todo esse potencial é utilizado para manipular, controlar e para submeter aqueles que estão a seu redor. Na manifestação de transtornos mentais desta estrutura pode-se mencionar: sociopata, desvio de caráter e esquizofrenia. 

As psicoses podem ser divididas em subgrupos, há aquelas que possuem causas orgânicas e as funcionais que não possuem, há também as psicoses psicogênicas onde há um fator psicodinâmico desencadeante. A esquizofrenia também pode ser considerada um subtipo de psicose crônica. A esquizofrenia é considerada um tipo de psicose crônica onde há distorções das emoções, pensamentos e percepção da realidade, podendo haver delírios e alucinações auditivas e visuais.

Então caro aluno (a) esperamos que você tenha entendido, e para elucidar o que vimos acima trouxemos um quadro abaixo para cada Estrutura Clínica, que por sua vez tem uma forma particular quanto à forma de negação da Castração e como tal fenômeno se apresenta na vida do indivíduo. 

 

Estrutura Clínica
Resumindo a estrutura clínica acima para finalizar a nossa disciplina: 

Assim, na Neurose, como já vimos, o Complexo de Édipo é recalcado, porém, o mesmo retorna na forma de sintoma, sendo que é através de tal sintoma, que temos acesso à organização psíquica do indivíduo, visto que tal sintoma traz consigo um desejo que não pode ser atendido na forma consciente, porém ele volta de forma “disfarçada”, visando à satisfação. Um exemplo disso está no caso do “Homem dos Ratos”, onde o mesmo apresentava a idéia obsessiva de que se visse uma mulher nua, seu pai teria que morrer. Desta forma, a representação do desejo da morte do pai obsessiva, que fora recalcada, retorna na forma de sintoma e expressa bem sua estrutura edípica, ou seja, proibição de ver uma mulher nua, ligada ao pai.

Já na perversão, há o desmentido de tal Castração, e o retorno constitui-se no fenômeno fetiche, como por exemplo: Freud expõe o caso de um paciente cuja condição do desejo é atrelada a um determinado “brilho no nariz” do outro. Freud dizia que a análise desvenderá um jogo de palavras translinguístico que permite entender tal atrelamento: brilho, em alemão glanze, éhomófono a glance que, em inglês, significa olhar. O segredo desse fetiche residia no fato deste sujeito ter vivido os primeiros anos de sua infância num país de língua inglesa. Eis a pista da constituição desse fetiche que demonstra sua determinação pelas coordenadas simbólicas da história do sujeito, denotando, como todo fetiche, o objeto pulsional em questão (o olhar). 

Na psicose, a qual não há o reconhecimento de tal Castração, o retorno aponta “a relação de exterioridade do sujeito com o significante”, aparecendo nos distúrbios de linguagem, como as vozes alucinadas. Por exemplo, o sujeito que ouve vozes, considera-se como vítima de alguém que com uma voz aterrorizante faz dele um refém, sendo que o psicótico não entende que tais vozes não são ditas por um terceiro, alguém do mundo externo, mas sim, de uma representação, anteriormente superinvestida, que o seu ego, por não suportar tamanha dor e sofrimento, arrancou-o de si. Porém a realidade a qual esta representação pertence, também é aniquilada do ego, fazendo com que esta instância psíquica fique com um furo, um vazio, sendo que é a partir da percepção de tal “buraco” que surge as alucinações, que não deixam de ser realidade. 

Finalizando nossa disciplina deixaremos o vídeo complementar do Professor Hélio da PUC-Minas. Abaixo também os materiais, tão importantes quanto os conteúdos dessa disciplina: 

Faça o download dos materiais complementares a esta disciplina clicando nos textos abaixo:  

NOTAS SOBRE O DISCURSO PERVERSO

O tratamento institucional do Outro na psicose infantil e no Autismo

TEORIA E CLÍNICA PSICANALÍTICA DA PSICOSE EM FREUD E LACAN

A TRAVESSIA DA FANTASIA NA NEUROSE E NA PERVERSÃO

FICHAMENTO DE UM TEXTO DESTA DISCIPLINA envio para: psicanalise@institutogaio.com.br A/C Coordenação do curso de Psicanálise – Dúvidas entrar em contato com a Coordenação. 

 

 

Rolar para cima